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Como tornar o estudo menos chato: técnica de Feynman

"Se não o consegues explicar de modo simples, então não compreendes bem o assunto". Esta frase é maioritariamente atribuída a Albert Einstein, mas saber se de facto foi ele que a disse (admitamos, provavelmente não foi) é complicado. No entanto, não deixa de ser uma frase muito perspicaz e um conselho de estudo muito bom.

Se queres perceber um assunto bem, explica-o

Esta ideia é essencial para a técnica de Feynman, nomeada em honra do físico Richard Feynman. Richard Feynman foi um extraordinário físico;

  1. Ganhou o nobel da física em 1965 "pelo seu trabalho fundamental em eletrodinâmica quântica, com profundas consequências na física de partículas elementares";

  2. Criou os famosos diagramas de Feynman que representam de forma visual as expressões matemáticas que descrevem as interações de partículas subatómicas;

  3. Para além de um enorme nome na física, Feynman foi um grande e eloquente professor. Era comum explicar nas suas palestras temas complexos de forma simples para pessoas sem quaisquer conhecimentos prévios poderem perceber. Estas suas palestras são lendárias (por vezes em vez de ver um filme vejo uma; para além de educativas são extremamente divertidas) e já foram assistidas por personalidades como Albert Einstein e Bill Gates, este último que disse que Feynman foi "o maior professor que alguma vez tive" (já agora, Bill Gates comprou os direitos das palestras de Feynman e pulicou-as neste site).

É basicamente por causa deste 3o ponto que a técnica é nomeada após Feynman, que a usava no seu dia-a-dia (já agora, criou-a quando ainda era estudante em Princeton). A ideia da técnica é aprenderes um tema de tal forma que o consegues explicar a qualquer pessoa (é basicamente essa a razão pela qual criei este blog). Esta técnica não é apenas para física, e pode ser usada deste geologia a história de Portugal.


Como implementar a técnica de Feynman no estudo


1. Quando era um estudante Feynman tinha um caderno intitulado "coisas que não sei" onde, quando ouvia falar de um tema que não conhecia, colocava o título desse mesmo tema para o ir explorar mais tarde. Logo, passo 1: escreve o título daquilo que vais aprender, e pensa sobre o que vais aprender. Isto é uma coisa que por vezes nos esquecemos de fazer, imergimos de tal forma no estudo que já nem sabemos o que estamos a aprender (encontro isto muito em matemática ou química).

Por exemplo, ondas eletromagnéticas

2. Quando escreveres a tua explicação não o faças só de modo geral (afinal de contas, em principio vais estar a estudar para um teste, e saber só o tema de forma simples mas geral não te levará muito simples). No teu primeiro rascunho tenta alcançar todos os temas com analogias e exemplos, e certifica-te seres capaz de resolver exercícios sobre a matéria.

3. Relê o teu rascunho ou lê-o a alguém (se tiveres alguém com paciência para te ouvir). Pergunta-te a ti próprio, ou á pessoa que te ouviu, que partes foram mal explicadas ou que ainda não compreendes completamente. Quando embateres nestes teus pontos fracos volta ao manual (ou o material que estejas a usar para estudar) e tenta resolvê-los. Deves repetir este passo diversas vezes até teres confiança que compreendes bem o tema.


4. Isto é mais opcional, mas muito recomendável. Apresenta as tuas "notas finais" a alguém que não tenha grandes conhecimentos no assunto, e no fim pergunta a essa pessoa se achou a tua explicação demasiado complexa ou difícil de perceber. Por vezes um novo par de olhos ajuda muito. Caso não tenhas alguém a quem fazer isto, ou apenas não tenhas vontade, imagina que vais explicar o tema a uma criança, e imagina, que como todas as crianças, sempre que disseres alguma coisas, essa criança vai perguntar "Porquê???". Por exemplo, no caso das ondas eletromagnéticas. partimos sempre do suposto que uma "perturbação elétrica" causa uma onda eletromagnética, mas porquê? Compreender este tipo de questões aumenta muito a perceção sobre o tema em questão.


Como eu o implemento no meu estudo

Embora eu use quase sempre a técnica de Feynman quando a aprender um novo tema, normalmente conjugo-a com outras duas complementares. Estas não são técnicas com nomes de pessoas importantes nem nada que se pareça, são apenas técnicas que após tentativa e erro parecem funcionar comigo.

1. Dividir o estudo em blocos; Há muitas pessoas que usam uma técnica conhecida como técnica Pomodoro, que basicamente diz que devemos dividir o nosso trabalho em blocos de 25 minutos com 5 minutos de pausa entre blocos. Isto é devido ao facto de após 25 minutos começarmos a estudar menos eficientemente, e daí a necessidade de um descanso (é por isto que uma sessão de estudo de 4h seguidas não funciona bem).

Ora eu até usei isto durante um pouco, mas não foi do meu gosto porque 1. quando os 25 minutos acabam é quando já estou em "modo estudar", logo sinto que estou a cortar o meu momentum com pausas tão frequentes, 2. não me sinto recompensado por pausas de 5 minutos. É suposto fazer o quê exatamente em 5 minutos? Eu uso uma técnica diferente. Uso uma técnica chamada Animedoro (pelo que parece tenho a usado sem saber que existia, foi criada por um Josh Chen). Consiste em blocos de 40min-1h, dependendo de quando acabar uma dada tarefa, com 20 minutos de pausa. Com blocos

assim longos consigo aproveitar ao máximo o meu momentum sem me cansar demasiado e os descansos de 20 minutos são os perfeitos para ver um episódio de anime (ou qualquer série com 20 minutos por episódio). Isto para mim é perfeito porque posso passar o dia a fazer isto acabando-o não muito cansado, tendo visto umas 2h de alguma série e feito bastante "trabalho produtivo". Claro, isto funciona comigo, mas pode não funcionar com todos. Há pessoa que se cansam muito com blocos de 1h, por isso para essas a técnica Pomodoro pode ser recomendável.


2. Rascunho á pelintra, resultado final á poeta. Isto é fácil de explicar explicando como faço os meus artigos. O meu primeiro rascunho é feito mesmo á rasca, não penso em erros ortográficos, por vezes

nem em estruturas gramaticais, escrevo só o que me parece bem. Isto seria equivalente a em exercícios escrever a resposta mais intuitiva. Depois na segunda passagem relei-o o que escrevi e resolvo os erros graves (corto frases desnecessárias ou adiciono informação em falta); depois na terceira resolvo erros menos problemáticos até que acabo com um resultado satisfatório. Talvez não seja o método mais eficiente, mas eu gosto porque em vez de pensar "ora bolas tenho de ir fazer este trabalho que custa bué" penso "vou só fazer aquilo á rasca e depois logo trato disso".




E bom isto são basicamente os meus métodos de estudo. Eu sei que isto é muito diferente do normal e provavelmente não querem saber de nada disto e só queriam ter lido um artigo sobre buracos negros normal. Mas apeteceu-me por isso assim o fiz. Não se preocupem, no próximo voltamos ao normal. No entanto, se gostaram digam.


 
 
 

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